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AVALIAÇÃO por Giovana Castro

Avaliação é muito mais que enfiar o pé num sapato que o caiba Tem um conto de fadas que, acredito, todo mundo conheça. É a história da Cinderela que conheceu seu príncipe num baile, mas teve que sair antes da meia noite para que ele não a visse em suas formas originais (sem carruagem, nem cabelo montado, nem superprodução). Disposta a aproveitar até a última gota do rolê luxuosíssimo, ela acaba perdendo a hora de ir embora e sai correndo, deixando para trás um príncipe embasbacado e apaixonado à primeira vista (bem carente ele, mas essa não é a pauta) e um sapatinho de cristal. Disposto a reencontrar seu amor relâmpago, o príncipe, munido dessa única pista, sai reino à fora catando pés que sirvam no sapato na expectativa de achar sua amada tão sonhada. E é aqui que a gente entra em avaliação. Esse jeito do príncipe de buscar sua amada representa bem o lugar equivocado que a avaliação ocupa no nosso cotidiano, desde seu lugar na escola até sua chegada ao ambiente organizacional. Isso porque esse caminho de pensar avaliação como forma de encaixe perfeito entre a forma e modelo que projetamos é um equívoco tão grande quanto achar que se um pé cabe no sapato, aquele sapato pertence àquele pé. Essa ideia da forma ideal tem sido, ao longo dos anos, o principal obstáculo à construção de avaliações de uma forma mais alinhada, mais justa e certamente mais produtiva. Ela tira da avaliação toda a sua naturalidade e cria uma expectativa de acerto e encaixe perfeitos que é impossível no mundo real. Ser avaliado é algo tão natural quanto respirar, é algo indissociável das relações humanas, algo que está diluído em nosso cotidiano. Mas quando saímos à cata de pés perfeitos para caberem em sapatos de cristal, transformamos a avaliação num critério arbitrário, injusto e reduzido a uma única chance de acerto. Ou, no pior dos casos, em erro. Avaliação não é prova, não é para colocar numa forma ideal. Ela é muito maior, mais complexa e mais frutífera que isso. No próximo texto vamos conversar sobre como tirar a avaliação do território da fantasia e do conto de fadas para o mundo real e saber como transformá-la numa ferramenta que se revele em toda sua riqueza cotidiana.

 

AVALIAÇÃO por Giovana Castro

Está posto, então, um desafio: precisamos desmistificar a avaliação, tirá-la do terreno da fantasia e trazê-la para o mundo real. Essa empreitada, embora complexa, não é impossível. E o primeiro passo dessa caminhada é despir a avaliação de seu caráter de prova, de momento chave único que irá definir todo o destino, separando aptos e inaptos.
A prova, como bem definem suas características, é uma das fases da avaliação, mas avaliar é muito mais que submeter a testes em tempos e espaços pré-definidos, a partir de parâmetros rígidos e inflexíveis. Essa ideia ainda é muito forte em função da nossa trajetória escolar que deixou marcas significativas em nossas elaborações sobre aprendizado e a prova é a prova disso. Quem aqui nunca suou frio mediante a famigerada semana de provas, passou mal com a iminência da recuperação final que salvava ou condenava os de precário rendimento anual ou teve pesadelos com o momento de, após horas de estudo diligente, ter um “branco” no momento fatal?
Essa ritualística é tão forte que mesmo depois de muito tempo fora da escola ainda pensamos no avaliar como colocar à prova. Essa é a primeira estrutura mental que precisamos pôr abaixo: prova não é sinônimo de avaliação. Destruir essa ideia marca um avanço enorme: quebramos o primeiro selo ao tirar da avaliação seu caráter pontual e artificial.
Isso quer dizer que nunca mais poderemos colocar as pessoas à prova? Vamos com calma para não incorrermos no risco de jogar o bebê fora junto com a água do banho. Provas e testes são ferramentas úteis nos processos de aprendizagem, por isso podem e devem ser utilizados. Mas só fazem sentido se forem entendidos como PARTE do processo avaliativo e não como sentença final. Assim, sua funcionalidade não está descartada, pois são instrumentos importantes nas relações de aprendizagem e nas estruturas de crescimento pessoal e profissional. Qual o segredo, então, para não incorrer no erro tão comum? A resposta está em pensar nos objetivos do processo avaliativo, ajustando-o às necessidades do que ambicionamos atingir, pauta do nosso próximo texto.

 

AVALIAÇÃO por Giovana Castro

No campo das aprendizagens organizacionais, e contando com uma ajuda de BLOOM (1993), costumamos dividir as avaliações em três tipos: as avaliações diagnósticas, as somativas e as formativas. A diagnóstica já diz seu nome se apresentando: serve para nos dizer qual o cenário temos à frente e, quando aplicada à pessoas, nos ajuda a organizar os necessários planejamentos para que as coisas fluam como necessário. Ela tem todo sentido em cenários novos, dos quais ainda temos pouco ou nenhum conhecimento. São como chegar numa noite escura em uma casa na qual nunca estivemos: vamos tateando até encontrar o interruptor. A avaliação diagnóstica é esse interruptor que nos auxilia a enxergar mais e melhor um cenário que ainda nos é estranho. Em processos de ensino-aprendizagem que se desenrolam em espaços vários, como no ambiente organizacional nas formas de monitoria e instrutoria, elas são uma excelente ferramenta para nortear planejamentos e estruturar treinamentos mais produtivos e assertivos.
Já as avaliações somativa e formativa acontecem durante processos de ensino-aprendizagem, aferição de desempenho e monitoramento de resultados, estendendo seu escopo de ação à quase totalidade das interações humanas que impliquem em métricas voltadas para mensuração de entregas. Por isso, dissemos nos textos anteriores que avaliar é algo intrínseco às relações humanas: somos avaliados o tempo todo mediante cenários vários e a partir de diferentes objetivos. E é exatamente esse aspecto, como pincelamos no texto anterior, que separa a avaliação somativa da avaliação formativa: elas possuem objetivos diferentes que definem seu perfil e sua estrutura e precisam ser levados em conta nos seus processos de elaboração. A somativa visa mensurar, encerrada determinada etapa do processo de aprendizagem, quais as habilidade e competências previamente delineadas foram desenvolvidas ou não. Ela é um ponto final: serve para classificar, hierarquizar, dizer quem atingiu ou não. Ela é bem a cara da prova final na escola. Mas pasmem, ela não é uma vilã. Trata-se de uma ferramenta eficaz e útil para casos de muitos candidatos e poucas vagas ao permitir mensurar os que melhor se ajustam às necessidades mapeadas. Já a formativa tem outras especificidades e características conforme vamos tratar no nosso próximo encontro. Até!

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